Você já se perguntou por que alguns produtos digitais se tornam parte indispensável da nossa rotina, enquanto outros são rapidamente esquecidos? O segredo reside na capacidade de criar hábitos. Para líderes de produto e empreendedores, entender como construir produtos que “fisgam” os usuários é fundamental para aumentar o engajamento, a retenção e, consequentemente, o valor econômico do negócio. Nir Eyal, em seu livro “Hooked”, desvenda esse mistério com o Modelo Hook.
A Relação Direta entre Hábitos e Valor Econômico.
Empresas que conseguem formar fortes hábitos de usuário desfrutam de múltiplos benefícios econômicos. O valor econômico de uma empresa está cada vez mais atrelado à força dos hábitos que ela consegue criar. Um produto que forma hábitos é, por definição, um produto que entrega valor de forma consistente, pois a repetição do uso valida a satisfação contínua da necessidade do usuário.
Desvendando o Modelo Hook: Gatilho, Ação, Recompensa Variável e Investimento.
O “Hook Model” descreve a interação do usuário com um produto como um ciclo de quatro fases interligadas que, quando bem executadas, levam à formação de hábitos:
1. Gatilho (Trigger).
O gatilho é o elemento que inicia um comportamento, a “vela de ignição” do modelo. Existem dois tipos:
- Gatilhos Externos: Notificações por e-mail, links em websites ou ícones de aplicativos.
- Gatilhos Internos: Associações formadas na mente do usuário com emoções ou comportamentos preexistentes, como tédio, solidão ou curiosidade. Entenda mais sobre como os gatilhos internos funcionam no blog de Nir Eyal. Produtos que formam hábitos de forma eficaz conseguem criar associações com gatilhos internos, eliminando a necessidade de marketing ou estímulos externos para que o usuário retorne.
2. Ação (Action).
Após o gatilho, segue-se a ação, que é o comportamento pretendido pelo designer. Para aumentar a probabilidade de o usuário realizar a ação, o design deve torná-la o mais fácil possível, ao mesmo tempo em que eleva a motivação do usuário. Pense em um botão “Comprar agora” que é intuitivo e visível.
3. Recompensa Variável (Variable Reward).
O que distingue o “Hook” de um simples loop de feedback é a recompensa variável. Enquanto um
feedback previsível não gera desejo, a variabilidade na recompensa multiplica o efeito, criando um estado de “caça frenética” e ativando as partes do cérebro associadas ao desejo. É como uma máquina caça-níqueis: a imprevisibilidade mantém o usuário engajado e voltando para mais.
4. Investimento (Investment).
A fase final do ciclo é o investimento, onde o usuário realiza algum tipo de trabalho. Isso pode ser tempo, dados pessoais, criação de conteúdo ou qualquer esforço que adicione valor ao produto ou serviço para o próprio usuário. O investimento aumenta a probabilidade de o usuário passar novamente pelo ciclo do Hook, tornando o produto mais valioso para ele e reforçando o hábito.3
A Ciência por Trás do Engajamento Contínuo.
Pesquisas demonstram que os níveis de dopamina no cérebro aumentam quando há a expectativa de uma recompensa, e a introdução de variabilidade nessa recompensa intensifica significativamente esse efeito, criando um estado de desejo e busca. Essa compreensão da neurociência é fundamental para o design de produtos que se tornam parte integrante da vida dos usuários.
O Modelo Hook oferece um framework prático para designers de UX/UI criarem interfaces e fluxos que não são apenas intuitivos, mas também psicologicamente engajadores. Isso vai além da usabilidade básica, focando na criação de experiências que geram lealdade e retenção de longo prazo.
Considerações Éticas: Uma Superpotência com Responsabilidade.
Apesar do poder do “Hook Model” para criar produtos de sucesso, é crucial abordar a moralidade de manipular o comportamento humano. Essa capacidade de “fisgar” usuários é uma “superpotência” que carrega uma responsabilidade significativa. O mesmo mecanismo que pode gerar engajamento positivo em aplicativos de bem-estar, por exemplo, pode ser utilizado para fins manipuladores.
Para líderes e designers, isso implica integrar considerações éticas no processo de design de produtos. É imperativo garantir que o poder de formação de hábitos seja empregado para o bem-estar do usuário e da sociedade, e não apenas para o aumento de métricas de engajamento. Essa abordagem se alinha perfeitamente com o princípio do Human-Centered Design (HCD) , que prioriza as necessidades reais e o bem-estar das pessoas.
Construa Produtos que Seus Clientes Amam e Usam.
O Modelo Hook oferece um roteiro claro para construir produtos digitais que cativam e retêm usuários. Ao aplicar esses princípios de forma estratégica e ética, sua empresa pode transformar o engajamento em um motor de crescimento sustentável.
Quer que seus usuários não consigam viver sem seu produto? Descubra como aplicar os princípios de ‘Hooked’ no seu design. Fale com a Futura UX sobre como podemos ajudar a criar experiências que geram engajamento e fidelidade duradoura.
Referências:
Livro : Nir Eyal: Hooked. Como desenvolver produtos e serviços que criam hábitos.